A ética abrange todas as práticas da arquitetura. Da interseccionalidade e projetos à crise climática, um arquiteto deve trabalhar com uma gama de condições e contextos que informam o ambiente construído e o processo de sua criação. Em todas as culturas, políticas e climas, a arquitetura é tão funcional e estética quanto política, social, econômica e ecológica. Ao abordar a ética da prática, os arquitetos e urbanistas podem reimaginar o impacto da disciplina e a quem ela serve.
Como Ethan Tucker sugeriu recentemente, e se começarmos a pensar sobre a prática da ética de maneira semelhante à sustentabilidade? Neste contexto, podemos nos aprofundar no que Tucker cunhou como "justiça encarnada" em uma série de questões. Como parte do nosso Resumo do Ano buscamos artigos nos últimos anos do ArchDaily que exploram as muitas facetas da prática ética. Com observações e exemplos específicos, os artigos exploram a ética através de diferentes autores, geografias e temas. Como nosso conteúdo editorial abrange quatro idiomas e um público global, os textos expressam diferentes perspectivas e condições materiais.
O que é Equidade em Arquitetura e Design?
Segundo o dicionário, equidade significa “disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um” enfatizando a importância de se levar em consideração as diferenças dos indivíduos. Nesse sentido, a equidade representa um senso de justiça que determina o modo de agir em relação a cada pessoa, reconhecendo suas características e necessidades específicas. Usando uma analogia médica, equidade significa entender que todos precisam de atenção, mas não necessariamente dos mesmos cuidados. Vale ressaltar ainda que este termo é frequentemente confundido com a palavra igualdade, porém, difere-se dela justamente porque a igualdade é baseada no princípio da universalidade, perante o qual todos os indivíduos deveriam ser regidos pelas mesmas regras, sem possibilidade de adaptação.
Como as cidades estão assumindo um papel central no combate à crise climática
Desde que o acordo de Paris foi firmado em 2015, minimizar os efeitos e consequências das mudanças climáticas em curso no planeta tem sido, pelo menos declarativamente, um objetivo comum em todo o mundo; no entanto, as ações que estão sendo tomadas variam amplamente de país para país. Pensando nisso, as principais grandes cidades do planeta decidiram se posicionar e partir para a ação ao invés de apenas esperar ordens de cima. Fato é que muitas das iniciativas levadas a cabo pelas administrações municipais e regionais acabam sendo neutralizadas pelo consequente aumento das emissões de carbono em outras regiões do país e do mundo.
Educação espacial e o futuro das cidades africanas
Liderado por Khensani de Klerk e Solange Mbanefo, Matri-Archi é um coletivo com sede na Suíça e África do Sul que visa aproximar e empoderar mulheres para a educação espacial e o desenvolvimento das cidades africanas. Por meio da prática projetual, textos, podcasts e outras iniciativas, Matri-Archi se dedica ao reconhecimento e à capacitação das mulheres no campo espacial e na indústria da arquitetura.
Projeto interseccional
Um projeto de arquitetura nasce de nuances, da empatia para com os usuários e de uma compreensão profunda de seu contexto específico. Melhores soluções são aquelas que atendem tanto às necessidades e os anseios dos clientes quanto questões de contexto e identidade. Neste sentido, o projeto interseccional pode ser entendido como uma abordagem que leva em conta diversos fatores —de identidade, gênero, raça, sexualidade, classe e muitos mais — e como estes interagem entre si. Considerando isso, quanto melhor compreendermos as questões de relativas ao contexto específico e ao usuários para os quais projetamos nossos espaços, melhor serão nossos edifícios e, consequentemente, as cidades que estaremos construíndo para o futuro.
Direitos e condições de trabalho na arquitetura
Nos estágios iniciais da prática da arquitetura muitos se deparam com situações conhecidas por alguns como "a ladeira escorregadia de ser um arquiteto", onde as expectativas não correspondem de modo algum à realidade da profissão e se agravam à medida que a experiência avança. Com constantes desgastes como resultado do trabalho excessivo e ausência fins de semana devido à "aquisição de experiência", expectativas frustradas, baixos salários e tensões físicas e mentais, deixam o prestígio de ser um arquiteto desaparecer com as condições de trabalho dos dias de hoje.
Como as smart cities podem agravar a desigualdade
As metrópoles urbanas de nosso planeta são o lar de uma abundância de histórias. Elas são o lar de histórias de riqueza, de inovação e de maravilhas arquitetônicas, assim como de histórias de desigualdade, iniquidade e segregação urbana — lugares onde a renda determina a qualidade do ambiente espacial ao seu redor. Dentro destas histórias se desenvolveu uma crescente defesa para tornar as cidades "mais inteligentes", para usar dados e tecnologia digital para construir ambientes urbanos mais eficientes e convenientes.
Questão urgente: 10 estratégias para descarbonizar a arquitetura
O conceito de “descarbonização” esteve em voga recentemente em discursos políticos e eventos ambientais globais, mas ainda não ganhou atenção suficiente no campo da arquitetura para mudar profundamente a maneira como projetamos e construímos. Atualmente, os edifícios são responsáveis por 33% do consumo global de energia e 39% das emissões de gases de efeito estufa, o que indica que os arquitetos devem desempenhar um papel significativo se quisermos parar ou reverter as mudanças climáticas.
Qual o papel da arquitetura durante a crise social no Chile? Nenhum.
O aumento da passagem do metrô de Santiago em 30 pesos (4 centavos) foi o início de uma agitação social no Chile que, após dias de evasões em massa e manifestações espontâneas, explodiu na sexta-feira, 18 de outubro. Naquele dia, o sistema Metro entrou em colapso, os protestos se multiplicaram e os saques e incêndios saíram fora de controle. O descontentamento social tomou as ruas de Santiago de surpresa, mas rapidamente reconhecemos que o aumento da passagem revelou a raiva, a injustiça e a desigualdade acumuladas pelas classes médias, vulneráveis e pobres de um país em crescimento, mas que distribui mal sua riqueza.
Olhares queer sobre a arquitetura
Um número crescente de teóricos e profissionais está discutindo o impacto de gênero e raça na profissão e na teoria da arquitetura. Questões ligadas à relação entre o ambiente construído, orientação sexual e identidade de gênero, no entanto, permanecem particularmente pouco estudadas, talvez por causa de sua relativa invisibilidade e consequências discriminatórias menos claramente identificáveis; elas também são completamente negligenciadas pela teoria do design no mundo francófono.
A impossibilidade da equidade na arquitetura
Como Duo Dickinson explica, “equidade” é um termo tão amplo quanto fugaz, e isso também se estende para o campo da arquitetura. Embora muitos arquitetos e arquitetas reafirmem constantemente seu desejo por uma maior equidade em nossa disciplina, motivações não são suficientes para alcançar resultados na prática. Além disso, há uma série de problemas históricos que contribuem e muito para que esses anseios ainda pareçam muito distantes de serem alcançados.
Este artigo é parte do Tópico do ArchDaily: Resumo do Ano. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos mensais. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores, se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.